quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

MARIA DE OLHÃO


MARIA DE OLHÃO, a minha homenagem.

O livro Maria de Olhão, agora trazido à estampa em edição da Câmara Municipal de Olhão, poderá ser considerado, respeitosamente, como um Manual de Instruções sobre a vida, onde cada um, à sua maneira, poderá retirar os ensinamentos que precisa ou julga necessários, para conseguir um comportamento equilibrado e sobretudo justo, na sociedade onde se insere.

Maria de Olhão, em minha opinião, foi uma mulher de excepção, que merece a minha homenagem e todo o respeito e penso que deve igualmente merecer a mesma coisa de todos os olhanenses.

Por aquilo que fez em favor de todos.

O mais curioso, é que baseou a sua conduta, no meu entendimento, claro, em quatro ou cinco pormenores de simples aplicação no dia a dia: trabalho, sentido de justiça apurado, poder de observação e sobretudo coragem.

Maria de Olhão tinha grande facilidade na aprendizagem das letras e de tudo o resto. Por isso, utilizando o seu arguto poder de observação e também o seu sentido de justiça, comentava na comunicação social ou em que lugar fosse, as anormalidades que se lhe deparavam e exigia a reparação dessas situações, que julgava incorrectas.

Corajosamente.

Foi sempre assim desde criança, pronta para ajudar os outros naquilo que pudesse e julgasse razoável, começando até por ajudar a mãe nas lides domésticas e dizendo não, noutras circunstâncias, quando era caso para isso.

Não nos podemos esquecer que Maria de Olhão viveu nos tempos difíceis da ditadura, o que não obstou a que, educadamente, expusesse os seus pontos de vista. E conseguiu resultados.

A vida é participação.

Foi Ernest Hemingway que disse: “É muito difícil ser homem”. Creio que sim, estou de acordo.


Mas, para Maria de Olhão, que teve os seus problemas e as suas dificuldades, como todos, aliás, creio que para ela foi fácil ser mulher. Porque teve lucidez e coragem para perceber qual era o caminho certo. A vida, num certo sentido até é amiga, porque, aqui neste cenário onde todos andamos, diz-nos quando chegarmos à idade certa, que isto acaba, isto é, chegará a altura em que amanhã já não almoçamos com a família. Portanto é preciso escolher o caminho.

Maria de Olhão foi exemplar nessa caminhada, assumindo simultaneamente e na íntegra o seu estatuto de cidadã responsável. O que não é fácil. Mas ela conseguiu. Chama-se a isto integridade e carácter.

É a esta mulher de Olhão, licenciada na Faculdade de Letras de Lisboa, que foi professora, jornalista e cidadã exemplar, que quero deixar uma pequena homenagem. Porque grande ela não gostaria.

Mas merecia-a.

João Brito Sousa
jbritosousa@sapo.pt



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